sábado, 6 de junho de 2015


“Aquele que cura nossas feridas”
por Frei Almir Guimarães
Espetáculo dolorido de ser contemplado é aquele em que temos diante de nossos olhos pessoas com graves ferimentos: um assaltante com arma branca ou de fogo  abre o corpo do assaltado  expondo suas vísceras no combate das guerras,  vemos corpos quase dilacerados feitos uma só ferida.  Temos sempre diante de nossos olhos a delicada parábola do bom samaritano contada por Jesus.  Um homem jogado à beira do caminho.
 
O samaritano passa, coloca o homem ferido em sua montaria,  deita óleo em suas chagas, conduz o quase moribundo até uma hospedaria. É profundamente tocado pelas feridas e abandono do homem  que tinha caído nas mãos de assaltantes.  Mostra humanidade e bondade.
 
Conhecemos nossas feridas. Há, é claro, a fragilidade de nosso corpo.  Há também essas feridas do interior:  negação do amor, o voltar os olhos em direção oposta ao amor e ao dom de nós mesmos, essa  insistência em  buscar nossos interesses em detrimento do outro e dos outros.  Nosso pecado, nossa omissão.  Somos fragilidade. Conhecemos as feridas interiores.
 
Jesus é o  samaritano que se dobra e nos olha e nos leva até a hospedaria para descansarmos.  Ele nos mostra suas feridas e chagas, sinais patentes de seu amor benevolente.  Suas feridas nos curam. Conduz-nos até a hospedaria de sua intimidade, de seu coração.  Hoje nos mostra suas chagas preciosas tais quais rubis.  Há, sobretudo, a chaga do coração, que é a porta da hospedaria de seu amor.  Ali nos refugiamos e confiantes levantamos de nossas quedas.